Mandato Goura

A visão excludente da cidade não é um acidente, é uma opção política, diz Goura

Ao participar, nesta terça-feira (4), do evento Climate Talks, no câmpus Ecoville da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, o deputado Goura afirmou que a “visão excludente da cidade não é um acidente, é uma opção política” ao falar sobre a relação que existe entre o planejamento urbano, a ocupação do espaço urbano e a política, durante o debate sobre “Mudanças Climáticas, Acesso à Água, Agricultura, Saúde e Governança”, promovido pelo Global Shapers Curitiba para lembrar o Dia Mundial do Meio Ambiente, que é celebrado pela ONU no dia 5 de junho.

Goura se referiu à forma como Curitiba tem sido administrada ao longo do tempo e ao descompasso entre o discurso que promove uma visão de uma cidade planejada e a realidade social que exclui os mais pobres. “Esta política urbana que cria o mito da Curitiba planejada é a mesma que segrega. Há uma contradição neste processo, que faz com que as decisões políticas não resolvam os problemas, como por exemplo, na área do transporte coletivo.

Ele usou como referência a criação das vias estruturais que foram pensadas para criar adensamento e ter o sistema de transporte coletivo. “Os corredores do transporte passam por ruas e avenidas como a República Argentina, João Gualberto e esta que passa aqui ao lado, a tal da Conectora 5, aqui no Ecoville, na verdade Campo Comprido. Quem mora nelas usa o transporte coletivo?”, questionou. Para em seguida responder, “não, quase todos usam o transporte individual, o carro para se locomover”, explicou.

O deputado quis mostrar que mesmo o planejamento tendo o objetivo de ter os moradores próximos do sistema de transporte coletivo  não aconteceu na prática. “Uma ideia que na prática não se realizou, pois quem mora nestas vias tem poder aquisitivo alto e vive em imóveis mais valorizados. E onde estão os usuários do ônibus? Nas periferias. E isto se deve a esta visão de cidade, a uma visão política de urbanismo”, criticou.

“É preciso que a sociedade se mobilize para mudar esta realidade, para que possamos ter uma cidade mais inclusiva, uma cidade pensada para as pessoas, uma cidade sustentável”. Goura deu como exemplo um fato que ocorreu enquanto era vereador de Curitiba. Ele explicou que para a Cohab fazer transações com seus imóveis é preciso autorização da Câmara de Vereadores. Chegaram na Câmara duas propostas para que fossem vendidos dois imóveis, um no Batel e outro no Portão, próximo ao shopping Palladium.

“Fizemos uma proposta  para que esses terrenos  fossem utilizados para a construção de moradias de interesse social nestes lugares, em vez de serem vendidos. A proposta não foi aprovada. Um técnico da Cohab, em off, me disse que a proposta era inviável. Como uma pessoa de baixa renda poderia morar no Batel se nem comprar pão na padaria do bairro ela conseguiria?”

Goura também falou de outras iniciativas no âmbito da sustentabilidade que o seu mandato propôs, como o projeto Alep Sustentável, que sugere um Plano de Gestão Socioambiental para a Assembleia Legislativa. “Propusemos que a assembleia adote princípios básicos de sustentabilidade no dia a dia, e que todos aqueles que circulam nos prédios também tenham responsabilidade ambiental”, disse, explicando que não há separação do lixo, não há programa de eficiência energética ou incentivo ao uso da bicicleta e nem infraestrutura para atender os ciclistas na assembleia.

Ele também citou a situação dos rios de Curitiba e falou da situação dos moradores do bairro Parolin que vivem às margens do Rio Guaíra. “A maioria são catadores de material reciclável e, por uma ironia, são afetados pelos alagamentos provocados pela poluição, que é causada, em parte, pelo lixo jogado no rio”, disse.

Goura falou que não adianta Curitiba ter um carimbo de smart city, cidade ecológica, de cidade planejada se na realidade tem graves problemas sociais e de gestão que contradizem os rótulos. “É preciso mudar os conceitos e a política é uma saída para que isto aconteça. É necessário superar os antagonismos, as visões segmentadas, dogmáticas e sectárias. Temos que unir esforços. E reafirmo, é a política que pode permitir que isto aconteça.”

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