Mandato Goura

Homenagem ao líder indígena Ângelo Kretã tem participação do deputado Goura

“Temos que defender o protagonismo das mulheres e dos homens indígenas que lutam na defesa dos seus direitos. A sociedade precisa saber sobre a resistência dos povos indígenas. Por isso, me sinto honrado e emocionado em participar desta homenagem à memória do líder kaingangue Ângelo Kretã”, disse o deputado Goura (PDT).

A declaração foi feita durante a participação do deputado no encontro virtual “Ângelo Kretã – 41 anos de ancestralidade”, promovido, nesta sexta-feira (29), pela Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (Arpinsul) e Articulação dos Povos Indígenas do Brasil – APIB.

O deputado disse que a luta dos povos indígenas pelos seus direitos tem todo o apoio do seu mandato na Assembleia Legislativa. “Podem contar conosco nessa luta. Nos colocamos como aliados de todos que estão nessa luta e na resistência em defesa do direito à terra, à cultura e à autodeterminação”, afirmou Goura.

Lideranças indígenas

“Este dia dedicado em homenagem ao Ângelo Kretã também é um momento de lembrar a nossa luta e a nossa história. É um dia, e por que não, de celebração de uma luta necessária para fazer valer os nossos direitos neste país que continua negando a nossa presença”, disse Ailton Krenak, escritor, ambientalista e líder indígena. “Fico impressionado com o fato de as pessoas desconhecerem a história do nosso querido Kretã, que nos deixou há 40 anos. A luta dele é o nosso legado.”

O cacique da aldeia Tupã Nhe’é Kretã, Kretã Kaingangue, filho de Ângelo Kretã, falou com emoção sobre a luta travada pelo seu pai. “Vamos honrar sempre a memória do Ângelo Kretã e continuar a sua luta e porque não vamos desistir nunca dos nossos direitos, das nossas terras e da nossa cultura”, disse ele. Outras lideranças indígenas também participaram do evento.

Assista ao vídeo com a íntegra do evento:

Goura lembrou que defende que as lideranças indígenas devem ocupar a política e também estar nos espaços de poder do homem branco. “Na eleição municipal do ano passado tivemos a candidatura do companheiro Eloy Jacintho aqui em Curitiba. Agora temos que pensar nas candidaturas para as eleições de 2022 à Assembleia Legislativa e ao Congresso Nacional num movimento para fazer valer seus direitos”, sugeriu Goura.

Kretã líder histórico

Goura lembrou que Ângelo Kretã foi o primeiro vereador indígena eleito do país, em 1976, em plena ditadura militar, e é considerado a maior liderança indígena do Sul do país no início da organização dos movimentos dos povos indígenas. O cacique Kretã viveu na Aldeia Mangueirinha, no Sudoeste do Paraná e foi morto numa emboscada no dia 29 de janeiro de 1980.

Lei Semana Ângelo Kretã

O deputado informou que no ano passado um projeto de lei de sua autoria se transformou na Lei 20.359 de 27 de Outubro de 2020, que instituiu a Semana Ângelo Kretã de luta pelos direitos dos povos indígenas. “O objetivo é objetivo homenagear a memória de Ângelo Kretã e promover debates, palestras, cursos e outras atividades culturais. Também resgatar a história de luta pelos direitos indígenas no estado e valorizar a presença e a importância dos povos indígenas na formação do Paraná.”

Rodovia pode ter nome de Kretã

O projeto de lei 270/2020, que denomina Ângelo Kretã o trecho da PR-281, entre a BR-373 até a PR-459, está em tramitação na Assembleia Legislativa. proposto pelo deputado Goura, o PL também teve apoio da deputada Luciana Rafagnin e dos deputados Anibelli Neto, Arilson Chiorato, Professor Lemos e Tadeu Veneri.

“Este é o trecho onde se localizam as aldeias onde o Ângelo Kretã viveu durante boa parte da sua vida. Com este projeto queremos que as pessoas que transitam por ali saibam da história dele, que o Paraná inteiro foi território indígena. Seria importante a Apib solicitar à Assembleia que coloque o projeto em votação”, sugeriu Goura.

História de Ângelo Kretã

O nome Kretã é traduzido por Francisco Luís dos Santos (importante liderança Kaingang da Terra Indígena Mangueirinha) como “aquele que olha por cima da montanha enxerga mais alto”, segundo consta na Dissertação de Mestrado em Antropologia social apresentada ao programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal do Paraná por Patrick Leandro Baptista, em 2015.

Uma reportagem publicada pelo portal do Instituto Humanitas Unisinos – IHU , em setembro de 2017, conta um pouco da história de Ângelo Kretã, confira um trecho:

“Considerado a maior liderança indígena do Sul do país nos primórdios do movimento, o Cacique Kretã vivia na Aldeia Mangueirinha, no Sudoeste do Paraná. Por sua liderança incontestável foi eleito em 1976, em plena ditadura, o primeiro vereador indígena pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), o que lhe garantiu projeção nacional.

Ao defender como parlamentar o que é de direito aos povos originários do Brasil, especialmente a demarcação de terras, Ângelo Kretã era uma voz que dava eco a todas as demandas indígenas com carisma e determinação.

Sua morte prematura em 1980 num ‘acidente de carro’ numa estrada dentro da aldeia, causou grande comoção nacional. Diante da convicção das lideranças indígenas da época – e até hoje – que não ele foi vítima de uma emboscada, sua memória persiste e inspira novas lideranças na luta pelos direitos dos povos indígenas.

Assassinado durante a Ditadura

O portal Índio É Nós, relembra em artigo, que: “Seu assassinato foi uma das graves violações de direitos humanos relatadas pela Comissão Nacional da Verdade em 2014: Ameaças e assassinatos de lideranças indígenas e indigenistas foram comuns nesse período, como o assassinato do líder kaingang Ângelo Kretã, morto em 1980, e do Guarani Marçal de Souza, fundador da União das Nações Indígenas assassinado em 1983. Ambos eram lideranças indígenas com projeção nacional e internacional no período e denunciaram com grande veemência o esbulho de suas terras no Paraná e no Mato Grosso. (CNV, Relatório, vol. II, p. 244).

Saiba mais sobre Ângelo Kretã

Em 1980, um Globo Repórter Especial foi produzido para retratar a comoção que foi a morte de Ângelo Kretã, assista ao vídeo:

Em 1983, o cineasta Sérgio Bianchi realizou o documentário Mato Eles?, ganhador do prêmio de melhor direção no Festival de Gramado e do Grande Prêmio do Festival de Cinema da Cidade do México, em 1985, que denúncia da situação dos índios Xavante, Guaranis e Xetás, espremidos no meio de uma briga litigiosa entre o Grupo Slaviero, a Funai e o Governo do Estado do Paraná.

Assista ao documentário abaixo:

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