Sabe aquela vontade de arrumar um espacinho em casa para fazer uma horta? Talvez este seja o momento certo para se dedicar a este projeto. Muitas pessoas estão aproveitando o momento de reclusão, imposto pela pandemia do coronavírus, para iniciar ou aprimorar a prática da agricultura urbana com base nos conceitos da permacultura.
É bem verdade que a ação requerer uma reorganização da rotina. Até porque, ficar mais tempo em casa não significa necessariamente ter mais tempo livre. Aliás, para muitas pessoas é justamente o contrário.
Mas a ideia de ter frutas, verduras e legumes frescos, livres de veneno e produzidos em harmonia com o meio ambiente tem feito muita gente dedicar um tempinho a mais a essa atividade.
O Mandato Goura, que tem entre suas pautas prioritárias o incentivo à agroecologia e a defesa do meio ambiente (saiba mais aqui), conversou com algumas pessoas para saber como anda essa prática em tempos de isolamento social.
Ao clicar na foto você confere a matéria sobre a Lei da Agricultura Urbana:
Quem já plantava em casa, está melhorando seu plantio. Quem ainda estava só na vontade, viu a oportunidade de iniciar a empreitada. Os resultados já começaram a aparecer empolgando os praticantes e incentivando quem ainda estava sem coragem para iniciar o plantio.
Exemplos que inspiram novos projetos
Estudante de Engenharia Ambiental, Catherine Novacovski, está aproveitando o período de isolamento para dar prosseguimento ao projeto iniciado no final de fevereiro.
“No carnaval eu comecei a preparar o terreno, mas fiquei meio sem tempo. E agora na época da quarentena eu consegui terminar de preparar o terreno, cercar a horta por causa dos cachorros e plantar várias coisas”, contou.
A arquiteta Andréa Barriel, moradora do bairro Vista Alegre, já praticava a agricultura urbana de maneira experimental desde 2012, quando mudou para uma casa. Porém, com a pandemia, viu a oportunidade para se dedicar mais ao plantio e decidiu reestruturar sua horta.
“Uma semana antes de ser declarada pandemia pela OMS, comprei alguns insumos (calcário, esterco e sementes orgânicas do MST) prevendo que ficaríamos em quarentena”.
De lá para cá, a produção se desenvolveu graças aos cuidados e atenção diária que fez Andréa perceber alguns problemas e buscar soluções. Para os pulgões, foi água e sabão de coco. Já os pássaros, o bom e velho espantalho foi o suficiente para mantê-los afastados. Além disso, o acompanhamento do sol exigiu um manejo em relação a alguns pontos da horta.
“Quem tiver um espacinho em casa, dá pra fazer uma horta não só para consumo próprio, mas para trocar com os vizinhos. Porque se a gente tiver um suprimento de arroz e feijão e algumas verduras, como a couve, conseguimos garantir uma boa nutrição da família por um tempo”, disse.
Morador do bairro Santa Cândida e trabalhando em casa, Luciano Padilha Backer também está conseguindo se dedicar mais à produção.
“Antes eu usava meu tempo de fim de semana para a horta. Agora consigo durante a semana entre meia hora a 40 min pra regar e colher. Antes eu não tinha esse tempo, pois saia cedo e voltava já noite. Mudar plantas deixo mais pro fim de semana, quando me dedico mais ou menos umas duas horas”, observou.
Em um terreno com pouco mais de 300 m², que divide com a casa, Luciano produz milho, chuchu, vagem, cenoura, abóbora, batata doce, inhame rúcula, alface, limão banana, mamão, além de algumas Plantas Alimentícias não Convencionais, as chamadas PANC, como capuchinha, ora-pro-nóbis e caruru.
Mudança de hábitos e relacionamentos
Bill Mollison, pesquisador e considerado, junto com David Holmgren, o pai da permacultura, afirmou que o “sol, vento, pessoas, edifícios, pedras, mar, aves e plantas nos rodeiam. Cooperação com todas essas coisas traz harmonia, a oposição a eles traz desastre e caos”.
Partindo desse princípio, praticar a agricultura urbana significa muito mais do que cultivar uma horta em casa ou em um apartamento. Implica em mudança de hábitos e até de relacionamentos.
Com a compostagem, por exemplo, é possível transformar o que antes ia para o lixo, em adubo orgânico. “Eu devo compostar uns dois baldes de resíduos orgânicos por semana que antes iriam parar no aterro”, ressaltou Luciano.
Ele contou que planta também além do portão, o que provoca uma interação ainda maior com a vizinhança. “Minha vizinhança é tranquila nunca reclamaram das plantas. Volta e meia alguém pede uma muda de bananeira, um mamão verde pra fazer doce, já perdi algumas mudas por conta de o pessoal levar, mas não ligo não. Se está levando a muda, é porque vai plantar em outro lugar, então eu reponho a muda retirada. O importante mesmo é multiplicar o verde”
Aumento da procura por qualificação
O coordenador da Associação Casa da Videira, Cláudio Oliver, afirmou que tem aumentado a demanda por qualificação para a construção de hortas em pequenos espaços. Depois de fechar um curso em parceria com a Embrapa, a Casa da Videira troca a produção com os vizinhos.
“Agora a gente não tem mais esse contato físico, mas às vezes deixo uma coisa no portão. Estamos preparando um curso EAD a preços simbólicos. Vamos ver como será”, disse.
Da mesma forma, o professor e técnico agroflorestal, Gabriel Menezes, observou que nas últimas semanas mais pessoas o têm procurado com o intuito de iniciar uma transição do totalmente urbano para uma vida mais ligada à agroecologia.
“Muitas pessoas estão vendo a necessidade de produzir o próprio alimento e não ficar dependente de uma cadeia produtiva baseada em recursos não renováveis para que seu alimento chegue em casa”.
Como iniciar uma horta urbana
Se você tem espaço na sua casa ou mesmo no seu apartamento e quer começar a praticar a agricultura urbana, porém, não sabe por onde começar, fique tranquilo, trouxemos algumas informações para facilitar essa nova empreitada.
– Como fazer uma horta – vídeo passo a passo:
– Horta em pequenos espaços:
Horta doméstica reaproveita materiais e produz alimentos agroecológicos:
– Tudo o que você precisa para ter uma horta orgânica em casa:
– Clique na imagem abaixo e acesse o folder sobre compostagem produzido pelo Mandato Goura: