Mandato Goura

Não existe transição ecológica nas cidades sem justiça social, afirmam participantes do seminário internacional do CAU/PR

Na sequência da apresentação dos participantes da mesa-redonda “Os desafios para transição ecológica das cidades”, que integrou a programação do “Seminário Internacional Renaturalização das Cidades e Redução da Crise Socioambiental” promovido pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Paraná (CAU/PR), o deputado Goura (PDT) fez uma breve introdução sobre o tema da conversa.

 

“Quero colocar algumas questões para problematizar essa nossa conversa. Vamos falar sobre transição ecológica nas cidades, nos grandes centros urbanos. Vamos falar da resiliência das cidades, de como as cidades estão incorporadas ao meio ambiente, à natureza”, sugeriu Goura aos participantes. “Vamos falar sobre essa dicotomia entre homem, cultura e natureza”, completou.

 

Goura disse que, nesse processo de transição das cidades, a natureza não pode ser vista como empecilho e como um problema. “Temos que criar cidades que não são contra a natureza, que estejam a 15 minutos para se ter acesso. Temos que criar cidades ao alcance das nossas mãos.”

 

“É preciso reafirmar que não existe transição ecológica nas cidades sem justiça social e esse é o principal debate desse seminário internacional e dessa conversa que fazemos aqui”, concluiu Goura. Ele destacou o objetivo do seminário também é debater as políticas públicas para superar a desigualdade social e a injustiça ambiental no contexto das mudanças climáticas.

 

Participantes da mesa-redonda

 

A primeira a falar foi a professora Liza Andrade, arquiteta e urbanista, e pesquisadora do Programa de Pós-graduação da FAU/UnB do curso de Especialização REABILITA e coordenadora do Programa Residência Multiprofissional CTS – Habitat, Agroecologia, Economia Solidária e Saúde Ecossistêmica da FAU/UnB, integrado ao Núcleo de Política de Ciência, Tecnologia e Sociedade – NPCTS/CEAM/UnB.

 

“A transição ecológica se faz investindo em infraestruturas físicas e sociais e essas devem surgir a partir de decisões que vem das pessoas que ocupam o território e não de cima para baixo”, disse Liza, que também destacou que não existe transição ecológica sem justiça social. E que as Soluções Baseadas na Natureza (SBN) são um caminho.

 

Liza lembrou que é necessário incorporar conceitos fundamentais para o desenvolvimento de políticas públicas para a transição ecológica das cidades. “Ideias como as do pluriverso, bem vivar e o princípio do cuidado devem estar presentes nesse processo. Só com essa visão superaremos questões como o racismo ambiental, por exemplo.”

 

Para fazer a transição ecológica nas cidades, o pesquisador, cientista social e planejador urbano, Pedro Torres, no Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da Universidade de São Paulo (USP), pesquisador do Projeto “Governança Ambiental na Macrometrópole Paulista face a vulnerabilidade climática”, afirmou que é preciso atacar a renaturalização e as desigualdades de uma só vez.

 

“Isso deve acontecer a partir das Soluções Baseadas na Natureza (SBN) levando em conta o contexto do Sul Global. Não podemos simplesmente importar soluções. A abordagem para a transição ecológica deve ser orientada pela promoção da justiça e redução das desigualdades”, afirmou Torres.

 

Numa abordagem com um caráter mais pessoal sobre o tema da transição ecológica e destacando outros aspectos, como a dimensão espiritual da natureza, a professora da Educação Infantil e pós-graduanda Mari Kixirrá Jamandi, disse que não se pode esquecer o que é o território no qual vivemos.

 

“Não podemos esquecer que a Terra é um organismo vivo. Que a terra é vida”, alertou. “Não podemos nos prender na ideologia positivista que diz, por exemplo, que a água é incolor e sem cheiro. Isso é uma violência! A água é o princípio da vida e é tudo, menos neutra”, enfatizou.

 

Mari aproveitou para falar da importância da água e das árvores na transição ecológica. “Fazem parte desse ciclo da vida. A água da floresta amazônica vem pelos rios voadores desaguar no Paraná. Se desmatam na Amazônia, falta água no Paraná. Então, a transição ecológica não pode esquecer todas as dimensões territoriais.”

 

“Precisamos fazer a diferença. Todos devemos estar presentes em todas as fases de tomada de decisões. Está tudo para ser feito quando falamos de renaturalizar, de voltar à natureza. Temos muito a fazer se queremos construir um Brasil para todos”, destacou Mari, que é representante das Mulheres Indígenas no MTD (Movimento Trabalhadores por Direitos), e ativista da Economia Solidária da luta pela moradia popular.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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