Caminhar ao ar livre, longe dos centros urbanos, é uma atividade que tem atraído cada vez mais pessoas que desejam um contato mais direto com a natureza. A caminhada, ou trekking, é uma das modalidades do ecoturismo que mais cresce no mundo e no Brasil, que são feitas em trilhas que podem ser de curta ou de longa duração.
Nos finais de semana, durante os feriados ou nas férias, milhares de pessoas se deslocam para cruzar as paisagens das unidades de conservação ou áreas privadas do país percorrendo trilhas, muitas delas centenárias, outras mais recentes, que as levam a conhecer as paisagens e as culturas locais.
Rede Brasileira de Trilhas
Essas trilhas nacionais, regionais e locais se multiplicaram e motivaram a criação de um sistema nacional de trilhas que se consolidou com a criação da Associação Rede Brasileira de Trilhas de Longo Curso (Rede), entidade civil, sem fins lucrativos, que tem por objetivo promover e consolidar um Sistema Nacional de Trilhas de Longo Curso no Brasil.
“Nosso ideal é prover o país de uma rede de trilhas sistêmica, coerente e funcional e assentada sobre três pilares: conservação, geração de emprego e renda e saúde e recreação”, explicou o diretor de comunicação da Rede, Pedro da Cunha e Menezes, que apresentou o projeto e pediu apoio ao deputado estadual Goura (PDT), em visita à Assembleia Legislativa do Paraná, no final de junho.
Na apresentação feita por Menezes foram apresentados dados sobre geração de renda, de conservação e integração de áreas de preservação, os exemplos de sistemas nacionais de outros países. Também os detalhes sobre a Rede Brasileira de Trilhas, sobre as pegadas e outras informações que descrevem a importância de políticas públicas para esse setor do ecoturismo.
Veja a apresentação da Rede Trilhas clicando na foto abaixo:
Apoio parlamentar
Menezes explicou que procurou o deputado Goura porque sabe que as questões relacionadas ao meio ambiente, ecoturismo e proteção e preservação das unidades de conservação são pautas importantes do seu mandato. “Além disso sei que o Goura é um entusiasta das caminhadas e que faz trilhas com frequência”, contou.
Para Goura, a apresentação do projeto da Rede Brasileira de Trilhas de Longo Curso é importante porque tem conexão direta com políticas de preservação ambiental. “Da mesma forma que está diretamente associada aos nossos projetos das rotas cicloturístico e da Lei do Cicloturismo, as redes de trilhas também podem passar pelo mesmo processo.”
Rede Nacional
Menezes explicou que duas portarias, a Portaria Conjunta n° 407/2018 e a Portaria Conjunta nº 500/2020, dos Ministério do Meio Ambiente e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do Ministério do Turismo, criaram a Rede Nacional de Trilhas de Longo Curso e Conectividade – Rede Trilhas.
“A criação da Rede Nacional como uma política pública é um passo importante e consolida um trabalho que desenvolvemos desde que criamos a Rede com a participação de voluntários, trilheiros e servidores das unidades de conservação”, disse Menezes. “Agora lutamos para que seja criado um Sistema Nacional de Trilhas de Longo Percurso, que se integra com a lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Lei Nº 9.985/2000)”, explicou.
Lei para o Sistema Estadual
O deputado Goura disse que a partir de toda a documentação e de outros exemplos de leis, que instituem regras e normas, vai propor um projeto de lei para implantação de um sistema de trilhas no Paraná, que estará em conexão com o Sistema Nacional de Trilhas e com a Rede Nacional de Trilhas de Longo Curso e Conectividade do Governo Federal. Segundo ele, uma legislação específica vai fortalecer e promover as trilhas no estado.
“Vamos estudar e formular uma proposta de projeto de lei para implantar no Paraná um Sistema Estadual de Trilhas, que pode consolidar políticas públicas e ser instrumento para geração de renda e conservação da natureza, além de promover o lazer e a saúde”, disse.
Trilhas do Paraná
O Paraná tem um potencial enorme para desenvolver seu sistema de trilhas e gerar desenvolvimento econômico e social a partir da consolidação desse sistema. “No Paraná, as trilhas que integram a Rede Brasileira de Trilhas são a Rota dos Pioneiros e a Trilha Caminhos do Peabiru. Temos ainda a Rota Caiçara, Rota do Vale do Ivaí e a da Grande Reserva da Mata Atlântica”, informou Menezes.
Conheça os detalhes da Trilha Caminhos do Peabiru clicando na pegada abaixo:
Pegadas Amarelas e Pretas
O diretor da Rede, contou que todas as iniciativas promovidas pela associação levam em conta as experiências de outros países que por décadas desenvolvem sistemas de trilhas locais, nacionais e até internacionais. O principal objetivo é ter um sistema nacional padronizado de sinalização das trilhas.
“Nos EUA desde 1968 foi criado um sistema nacional de trilhas. Na Europa também. O maior problema deles foi como fazer a sinalização e integração das áreas de conservação e ter o envolvimento das comunidades. Até hoje isso é um problema para eles. Nós, no Brasil, estamos implantando o projeto Pegadas Amarelas e Pretas Conectando as Unidades de Conservação do Brasil”, explicou Menezes.
Segundo ele, a sinalização das trilhas da Rede foi disciplinada em manual oficial do ICMBio e segue as melhores práticas internacionais. “Fomos elogiados por especialistas da World Trails Network como o melhor modelo em uso no mundo”, comemorou Menezes. “Quando apresentamos o projeto nos disseram que assim não teríamos os mesmos problemas que eles enfrentam até hoje com a multiplicidade de sinalizações.”
A Rede Trilhas usa pegadas amarelas sobre fundo preto em um sentido e pegadas pretas sobre fundo amarelo no sentido inverso. “Seguimos o princípio básico de que a sinalização tem que ser simples, de fácil entendimento e ter um mesmo padrão nacional. Mas são permitidas variações para que cada trilha tenha a sua pegada/marca própria”, explicou. “Que podem se transformar em artigos de venda como camisetas e bonés.”
Conheça o Manual de Sinalização de Trilhas do ICMbio clicando na imagem abaixo:
1º Congresso Brasileiro de Trilhas
Entre os dias 25 e 29 de maio foi realizado o 1º Congresso Brasileiro de Trilhas, que reuniu trilheiros, entidades e representantes dos Ministérios do Turismo, Meio Ambiente e ICMBio para debater a implantação de políticas públicas para as trilhas de longo curso.
“Como resultado do evento tivemos a assinatura de acordos de cooperação e uma carta aberta à sociedade, a Carta dos Goyazes, que contém as reivindicações de todos os setores envolvidos com a criação do Sistema Nacional de Trilhas”, informou Menezes.
Em resumo, a carta pede que se crie “uma instância legítima, representativa e permanente de governança da Rede Trilhas, incluindo as três esferas federativas, a sociedade civil organizada, as universidades e a iniciativa privada, com foco e atuação em todo o território do Brasil”.
Leia abaixo a Carta dos Goyazes, clicando na imagem: