Como o ativismo e a política se relacionam com a atuação profissional e quais as consequências dessa interação? Foi para tentar responder e debater essas questões que o deputado estadual Goura (PDT) participou de uma roda de conversa com os alunos do curso de Terapia Ocupacional da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
A atividade foi proposta pela professora Andréa Fedeger, da disciplina Condições Sociais, e também contou com a participação da terapeuta ocupacional Isabela Perotti, que se graduou no curso e trabalhou como assessora parlamentar e atualmente é doutoranda em Economia Política pela Universidade de Coimbra, em Portugal.
Interseccionalidade
Foi ela quem abriu a conversa contando a sua experiência com o ativismo e a política enquanto trabalhou no Mandato Goura. “Minha formação permitiu que eu colaborasse de forma muito efetiva nos projetos e ações relacionadas aos direitos humanos e outros do mandato”, disse Isabela Perotti.
“Trabalhamos com temas como o combate à violência obstétrica e em favor da dignidade menstrual, por exemplo, que demostram a interseccionalidade da Terapia Ocupacional na área da saúde e com outras áreas como a ambiental e cultural. Ativismo e política em ação”, contou.
Ela também falou sobre a experiência na área da inclusão social e econômica de pessoas em tratamento de saúde mental por meio da economia solidária. “É a partir da Rede Libersol que vou do ativismo para a política no Mandato Goura”, lembrou Isabela.
Ativismo e política
O deputado Goura contou sua trajetória de vida desde antes de se tornar um ativista até ingressar na política institucional e ser eleito deputado estadual.
“É um caminho que começou a partir das minhas buscas por respostas e que eu fui encontrar na Filosofia e na cultura da Índia, quando me conectei aos ensinamentos do Bhagavad Gita, o mais importante livro sagrado do hinduísmo. Isso me levou ao ativismo”, lembrou Goura. “Foi depois de viajar à Índia, aos 18 anos, que ganhei o nome Goura Nataraj.”
Ele contou que a participação em movimentos como Massa Crítica, Interlux Arte Livre, Jardinagem Libertária e Música para Sair da Bolha marcaram sua atuação como ativista nos anos 2000. “Mas essa forma de fazer política mostrou seus limites”, lembrou.
“Foi a partir deste momento que uma participação mais efetiva na política se mostrou mais necessária para fazer que as nossas lutas se tornassem políticas públicas”, recordou. “Temas como mobilidade ativa, defesa do meio ambiente, do urbanismo e cidades para as pessoas e dos direitos humanos são as pautas principais”, disse ele.
Na sequência, ele lembrou como conheceu a Isabela Perotti e soube mais sobre a Terapia Ocupacional. “Conheci a Isa ainda quando era vereador na Câmara Municipal de Curitiba e ela nos apresentou o projeto da Rede Libersol de trabalhar com a inclusão de pacientes da saúde mental por meio da economia solidária”, recordou Goura.
Troca de experiências
A professora Andréa Fedeger agradeceu a participação do deputado e da ex-aluna do curso na conversa com os estudantes. “Essa troca de experiências são fundamentais para que os nossos alunos conheçam ainda mais as relações da Terapia Ocupacional e os conteúdos da disciplina Condições Sociais”, comentou ela.
“Ter a participação da Isabela contando sobre a sua trajetória acadêmica e a sua experiência profissional com o ativismo e a política é um exemplo da interseccionalidade da Terapia ocupacional”, completou a professora.
Rede Libersol
O deputado Goura também conheceu o espaço da Rede Libersol, que atua na articulação e fortalecimento da economia solidária e saúde mental, e funciona no prédio da Terapia Ocupacional da UFPR, localizado no Campus Botânico da UFPR.
“A UFPR é um dos atores sociais que compõe a Rede Libersol, junto com outras instituições de ensino, do poder público, de representantes de profissionais da saúde de diversos munícipios da Região Metropolitana de Curitiba e dos usuários da rede de saúde mental”, explicou Caique Franzoloso, doutorando da UFPR e um dos fundadores da Rede Libersol.
Segundo ele, a parceria com a universidade permite a aproximação da comunidade acadêmica e a sociedade com o projeto. “Com isso, podemos proporcionar aos estudantes a vivência prática de articular projetos de economia solidária”, disse Caique.