Mandato Goura

Obra de William Michaud, um dos primeiros pintores da paisagem paranaense, está disponível em arquivo digital

Pouca gente sabe, mas a Ilha de Superagui, localizada ao norte da Baia de Paranaguá, no município de Guaraqueçaba, no Litoral do Paraná, serviu de inspiração para o que foi, provavelmente, um dos primeiros pintores da paisagem paranaense, o suíço Guilherme William Michaud.

 

Em 1854, Michaud desembarcou em Superagui, onde viveu até 1902, quando faleceu deixando uma grande família e uma grande produção artística, a maior parte doada pelas suas irmãs ao Museu de Vevey, na Suíça.

 

Um projeto que tem como propósito divulgar para curiosos, pesquisadores e alunos os livros sobre a vida e obra do artista está sendo realizado por pesquisadores com o apoio Museu Paranaense e do Museu de Vevey, e com a parceria da Biblioteca Virtual Eugeniano Ferreira, do Mandato Goura e outras instituições.

 

Uma das obras, um livro que contém as 71 cartas enviadas por William Michaud às irmãs que viviam na Suíça, foi publicado pelo Museu Histórico de Vevey, cidade natal do artista, juntamente com uma exposição com 76 grafites e aquarelas, em 2002.

 

Outro livro, do também suíço Emílio CI. Sherer, foi publicado em 1960 pela editora Verlag für Recht und Gesellschaft, Suíça, e traduzido em 1988 em uma iniciativa da prefeitura de Curitiba.

 

A Biblioteca Eugeniano Ferreira também disponibilizou uma pasta com documentário e outras obras sobre o artista, como o livro “William Michaud, Sonhos, Conquistas & Memórias”, de Nilva Lichtsteiner Fogaça, que atém reunir algumas pinturas do artista, também conta a história através das cartas de Michaud.

 

 

Divulgação das obras

 

O pesquisador e mestre em Estudos Literários pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Willian Dolberth, e a doutora em Arqueologia, Cláudia Inês Parellada, foram os responsáveis pela digitalização das duas obras junto ao Museu Paranaense.

 

“As duas obras que digitalizamos junto ao Museu Paranaense foram digitalizadas no formato OCR (Reconhecimento Óptico de Caracteres), que é mais especializada e que favorece uma melhor pesquisa”, explicou Dolberth.

 

Tanto o Museu Paranaense, quanto o Museu de Vevey, que detém a maioria das obras de Michaud, já autorizaram a disponibilização dos dois livros digitais.

 

O material digitalizado ficará disponível na Biblioteca Virtual Eugeniano Ferreira, que detém um grande acervo da Cultura Caiçara e do Litoral Paranaense, e também no portal do Mandato Goura. O objetivo é fazer a divulgação desses livros nas escolas, principalmente de Guaraqueçaba, universidades e na comunidade em geral.

 

Acesse os livros nos links abaixo:

 

“Tem uma precariedade estrutural e também de materiais didáticos nas escolas. E esses são livros publicados há muito tempo, tem uma certa raridade, e trazem um pouco da história da colonização suíça de Superagui. Então a intenção é disponibilizar esses dois livros digitais inicialmente para as escolas de Superagui e Guaraqueçaba e depois para as demais”, explicou Willian Dolberth.

 

Publicação do Museu Histórico de Vevey

 

Publicação de Emílio CI. Sherer

 

 

Valorização da Cultura

 

O deputado estadual Goura (PDT), que é membro da Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) e parceiro no projeto, classificou como fundamental a disponibilização das obras de William Michaud e a valorização da cultura paranaense.

 

“Michaud foi um dos colonizadores de Superagui, faz parte da cultura do nosso litoral. Ali ele viveu, constituiu uma numerosa família cujos descendentes ainda vivem na região. Ele foi um dos primeiros a retratar a paisagem paranaense e sua obra deve ser amplamente divulgada e trabalhada nas escolas e demais espaços culturais”, afirmou.

 

Goura ressaltou ainda que a valorização da cultura paranaense, dos povos indígenas e tradicionais do Paraná, bem como da arte contemporânea em suas múltiplas formas de expressão fortalece o pensamento crítico da sociedade.

 

“Por isso, defendemos cada vez mais a preservação, o reconhecimento e o investimento em bens materiais e imateriais do Paraná, assim como a produção cultural local e a valorização de artistas, trabalhadores e trabalhadoras da cultura”, acrescentou.

 

 

 

Quem foi William Michaud

 

O jovem suíço, antes de desembarcar no Brasil, em 1849, frequentou a escola primária e no colégio aprendeu francês, história e desenho clássico. Desde jovem, manifestou aptidões para o desenho e a pintura.

 

Quem anda por Superagui, ou mesmo pelo município de Guaraqueçaba, percebe logo a influência e a importância de Guilherme William Michaud para a comunidade.

 

A praça central de Guaraqueçaba, por exemplo, que data dos anos de 1980 e que concentra a maior parte das atividades festivas da localidade, assim como boa parte do comércio, foi batizada de Praça William Michaud, em homenagem ao pintor e colono suíço.

 

Conta-se que chegar na Ilha ele conheceu uma nativa, Maria Custódia do Carmo Américo, com quem se casou e teve sete filhas e dois filhos. Com tamanha descendência, até hoje, 120 anos após a usa morte, é possível encontrar parentes com alguma história para contar.

 

“Ele foi o colonizador da nossa região e transformou Superagui em uma mini Europa dentro do Brasil. Ensinou várias coisas que era de seu conhecimento para os nativos daqui”, conta Denise Correa de Ramos, que faz parte da quinta geração do casal Michaud e Custódia.

 

“Minha avó era bisneta de Michaud. Ela contava que ele tinha muita preocupação com filhas nos fandangos que eram feitos após os mutirões do café”, contou.

 

Em suas cartas às irmãs, Michaud falava do fandango, da família, da agricultura e demais assuntos do cotidiano e da política. “Ele falava do café, que nas floradas brancas lembrava da neve da suíça. Ele gostava muito da natureza, de orquídeas, de flores, tinha um jardim bonito, plantava uva, trabalhava com a farinha de mandioca, cortava madeira”, relata Denise.

 

Mas a pintura só teve um espaço mais relevante na vida de Michaud depois que os filhos cresceram. “Ele pintava colorido quando a irmã mandava tintas da suíça. Quando não tinha tinta colorida fazia em grafite e esperava a tinta chegar, porque demorava, vinha de navio”, contou.

 

Denise conta ainda que o gosto pela arte de Michaud, assim como o sobrenome, foi repassado para alguns descendentes. “Eu tenho um irmão que assina Michaud, meu primo e tio também. Tenho uns primos que pintam, meu irmão faz entalhe na madeira e pinta também, mas meus primos pintam super bem e isso é coisa dele”, diz.

 

 

Prefeitura incentiva divulgação da história

 

No dia 10 de março, a Praça William Michaud, em Guaraqueçaba, vai receber mais uma referência ao artista colonizador. Está prevista para esta data a inauguração de um busto de Michaud no local.

 

“A praça já tem o nome William e agora estamos colocando o busto e a intenção é colocar a história dele para conhecimento de muitos que ali vivem e que visitam nosso município”, afirmou a prefeita Lilian Ramos Narloch.

 

Para os pesquisadores, Willian Dolberth e José Muniz, esta é mais uma ação que visa difundir a história e a importância do artista suíço para a colonização de Superagui e Guaraqueçaba.

 

Acesse as obras disponibilizadas nos links abaixo:

 

https://drive.google.com/drive/folders/0B3Ue7WCPmb5GfnROcWpzMnpyWUpJT3VaUVktUWVTQkFSNEM0VG90anlsNkxxUjdmcVhBa0E?resourcekey=0-RuHVUrGHSG9pYhwjEO7trw&usp=sharing

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