Mandato Goura

Goura alerta que água consumida no Paraná está contaminada com “coquetel” de agrotóxicos

“Neste copo de água, deputados, são encontrados 27 tipos de agrotóxicos. Isto porque, entre os mais de 300 produtos permitidos no Brasil, apenas 27 são testados”, disse o deputado Goura no pronunciamento feito, nesta segunda-feira (22), no Plenário da Assembleia Legislativa do Paraná.

Ele discursou sobre a denúncia feita pela reportagem do Repórter Brasil, Public Eye e a Agência Pública: “Coquetel” com 27 agrotóxicos foi achado na água de 1 em cada 4 municípios, no período de 2014 a 2017, divulgada no dia 15 de abril.

Desses compostos, 16 são considerados extremamente ou altamente tóxicos pela Anvisa, enquanto 11 estão associados a problemas como disfunções hormonais e reprodutivas, malformação fetal e câncer, segundo a reportagem.

PARANÁ É O SEGUNDO EM CONTAMINAÇÃO
“Os dados da matéria mostram que o Paraná é o segundo estado com mais casos de contaminação por agrotóxicos. O primeiro é São Paulo. Depois vem o Paraná, com 326 cidades afetadas, ou seja, em 81,7% dos municípios paranaenses foi detectado o ‘coquetel de veneno’”, informou Goura.

O deputado alertou que estão envenenando os brasileiros diariamente. “De 2007 a 2017, data do último levantamento oficial, foram notificados cerca de 40 mil casos de intoxicação aguda por causa de agrotóxicos. E resultou na morte de 1.900 pessoas”.

“O Paraná é o estado com o maior número de casos relatados. Segundo a Secretaria da Saúde foram 4.761 vítimas de venenos agrícolas entre 2007 e 2017”, informou Goura, que explicou que os dados utilizados são do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua), do Ministério da Saúde.

A reportagem citada pelo deputado explica que o SUS não monitora a interação entre as substâncias, só a sua presença. Porque os agentes químicos são avaliados isoladamente, em laboratório, e se ignoram os efeitos das misturas.

“Com isso, a população é vítima de duas injustiças: beber água contaminada e não saber que foi essa a causa de eventuais doenças”, disse. Goura usou os dados referentes à Curitiba como exemplo. “Foram 27 agrotóxicos detectados na água que abastece Curitiba entre 2014 e 2017. Do total, 11 associados às doenças crônicas como câncer, defeitos congênitos e distúrbios endócrinos.

LIMITES INACEITÁVEIS
O deputado, contudo, explicou que a reportagem explica que nenhum agrotóxico foi detectado em concentração acima do limite considerado seguro no Brasil na água de Curitiba. E que tais níveis não ultrapassam os limites do Ministério da Saúde.

“Mas essa exposição preocupa?”, questionou Goura, para responder a seguir: “Sim. Porque do ponto de vista de níveis aceitáveis, o Brasil tem níveis até 5 mil vezes maiores do que os da Europa e EUA. E perguntamos: Será que o brasileiro tolera mais veneno que o europeu?”.

“Do total de 27 pesticidas encontrados na água dos brasileiros, 21 estão proibidos na União Europeia devido aos riscos que oferecem à saúde e ao meio ambiente. E os níveis encontrados no Paraná e no Brasil não seriam tolerados”.

A SOLUÇÃO É PROIBIR
O deputado disse que para solucionar o problema, a política de permissão do uso de agrotóxicos deve mudar. Só nos primeiros 100 dias do Governo de Jair Bolsonaro, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento autorizou o uso de 121 produtos agrotóxicos.

“Da nossa parte estamos protocolando pedido de informações à Sanepar sobre a qualidade da água e sobre como é feito o controle da contaminação por agrotóxicos. Também apoiamos o projeto do deputado Tadeu Veneri, que proíbe a pulverização aérea no Paraná”.

Goura fez um apelo aos deputados. “Queremos que os colegas se manifestem com a mesma preocupação demonstrada recentemente nos protestos contra o aumento da tarifa de água pela Sanepar e confirmado pela Agepar, no dia 15 de abril”.

BASTA!
“Não é possível que em nome do lucro indiscriminado se continue a contaminar, a adoecer e matar as pessoas. Também não é admissível que se comprometa a natureza com o uso indiscriminado de agrotóxicos”, concluiu Goura.

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