Os rios Ivaí e Piquiri, os dois últimos grandes rios do Paraná sem barragens, têm suas faunas ameaçadas e precisam de ações urgentes para serem preservados da pesca predatória e da contaminação por agrotóxicos provocada pela agricultura comercial extensiva.
Para os participantes da Audiência Pública “Rios do Paraná: Peixes e Pesca”, realizada nesta quinta-feira (5), no Centro Universitário Integrado, em Campo Mourão, na Região Centro-Oeste Paranaense, para que isso aconteça é preciso que as políticas públicas ambientais levem em conta as pesquisas e estudos científicos para nortear e sustentar as decisões.
Decisões equivocadas
“Ficou claro na audiência, com a fala dos pesquisadores das universidades, que o Governo do Estado tem tomado medidas equivocadas na área ambiental”, alertou o deputado Goura, presidente da Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), que organizou a audiência pública em parceria com o Grupo de Atuação Especializada em Meio Ambiente, Habitação e Urbanismo (Gaema) do Ministério Público do Paraná (MP-PR).
“As decisões na área ambiental não levam em conta as pesquisas científicas desenvolvidas pelas universidades estaduais públicas do Paraná, que são centros de excelência e referência nacional nesta área. Como é o caso do Nupelia (Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e Aquicultura) da Universidade Estadual de Maringá (UEM)”, informou Goura.
Emergência ambiental
O deputado disse que a situação de emergência ambiental que vivem os dois rios só poderá ser superada se o governo estadual passar a levar em conta o que os estudos e pesquisas científicas revelam sobre a situação das bacias hidrográficas dos rios Ivaí e Piquiri. “Os pesquisadores disseram que várias ações do governo são inócuas e citaram, como exemplos, as escadas para peixes em barragens e soltura de alevinos, entre outras.”
Outro alerta importante dos pesquisadores, segundo o deputado Goura, foi que as bacias dos rios Ivaí e Piquiri são fundamentais à saúde do ecossistema do Rio Paraná. “Está tudo inter-relacionado e é preciso pensar nas ações de forma ampla e de acordo com o que determinam as pesquisas científicas”, alertou.
Encaminhamentos
Segundo Goura, a Comissão de meio Ambiente deverá promover uma audiência pública na Assembleia Legislativa, em Curitiba, para também debater as questões relacionadas à pesca e a preservação dos rios paranaenses.
“Como já disse antes, não podemos pensar num rio isoladamente, só numa bacia hidrográfica. É preciso pensar localmente, regionalmente e mesmo nacionalmente esta questão da preservação dos rios. Uma outra audiência, em Curitiba, poderá cumprir este papel”, disse.
Grupo de Trabalho
Segundo ele, também foi constituído na audiência pública um Grupo de Trabalho sobre Rio Ivaí/Rio Piquiri com a participação de diversos setores da sociedade civil, como o Movimento Pró Ivaí/Piquiri, que reúne representantes de diversos setores da sociedade, Ministério Público, universidade e a Alep.
Ministério Público
A promotora Rosana Araújo de Sá Ribeiro, do Gaema de Campo Mourão, disse que a audiência pública foi muito importante por reunir representantes do legislativo, pesquisadores das universidades, pescadores e da população para debater o tema e a atual situação da pesca e dos rios da região.
“Esta audiência cumpriu o papel de dar transparência a esta discussão sobre a gestão ambiental dos recursos naturais do Rio Ivaí e outros das bacias hidrográficas da região. São inúmeras as contribuições para que possamos avançar na implantação de políticas públicas de preservação e de gestão sustentável dos recursos”, disse ela.
O deputado estadual Evandro Araújo também participou da audiência e comentou que sempre é muito importante ouvir todos os envolvidos com o tema em debate. “Este tema, a pesca nos rios, precisa ser abordado com a maior seriedade possível e levar em conta a preservação da natureza no desenvolvimento desta atividade”, alertou.
Bacia do Rio Ivaí
A bacia percorre 103 municípios, sendo a segunda maior em extensão, com 36.540,0 km²de área. O Rio Ivaí nasce na cidade de Prudentópolis, no Salto São João, um dos mais altos do Brasil, e tem 680 km de comprimento. Em tupi-guarani Ivaí significa “rio das flechas”.