A bicicleta e toda a cadeia produtiva que ela movimenta foi o tema principal debatido nas agendas do deputado estadual Goura (PDT) nos municípios de Francisco Beltrão e Pato Branco, no Sudoeste do Paraná, entre os dias 24 e 27 de março.
Em reuniões com ciclistas, secretários municipais, vereadores e ativistas da bicicleta se discutiu muito sobre ciclomobilidade e o potencial cicloturístico da Região.
Outros temas importantes debatidos no Sudoeste foram agroecologia, agricultura familiar, agrotóxicos, parto humanizado e violência obstétrica.
Por fim, Goura aproveitou a viagem para uma visita na Terra Indígena Mangueirinha, habitada pelas etnias Guarani e Kaingang.
Bicicleta
Em Pato Branco, Goura visitou o Largo da Liberdade, onde se reuniu com o secretário de Esporte e Lazer, Alexandre Zoche, com o presidente do Clube de Ciclismo Quebra-freio, Paulo Fergutz, com o vereador Eduardo Dala Costa (MDB) e ciclistas da região para discutir políticas de incentivo à ciclomobilidade e ao cicloturismo.
Autor da lei que cria o Circuito Cicloturístico do Sudoeste, Goura falou sobre a importância de incentivar o uso da bicicleta e ao mesmo tempo criar condições para que os ciclistas possam pedalar em segurança.
Visão Zero
Goura lembrou que o Paraná é o segundo estado que mais mata ciclistas no trânsito e, por isso, já protocolou o projeto de lei que dispões sobre a Visão Zero no planejamento viário do Paraná, que tem por objetivo reduzir ao máximo as mortes evitáveis no trânsito.
“O Sudoeste é uma região que merece toda atenção do poder público e da Assembleia Legislativa. Cabe às autoridades criarem as estruturas necessárias para o uso da bicicleta como meio de transporte, lazer ou prática de esporte. Qual é a melhor rota para ir à universidade, para ir para o trabalho. Eu acredito muito que a bicicleta não é só o veículo do presente, é o veículo do futuro, da sustentabilidade e da saúde, individual e coletiva”, afirmou.
Demandas de Pato Branco
Paulo Fergtz falou das demandas, das dificuldades e dos projetos que estão sendo desenvolvidos para o Sudoeste, desde eventos, competições e até o cicloturismo. A área rural, segundo os ciclistas, tem sido o local escolhido para a prática de esporte porque a área urbana não oferece segurança adequada.
“A BR-158 é muito complicada, tem bastante ciclista, é uma rota muito importante e a gente tem um sonho de ali ter um acostamento adequado ou mesmo uma ciclovia. A gente vê que cidades do mundo inteiro estão indo para a mobilidade, através de bicicleta. Pato Branco tem um relevo um pouco complicado, mas a gente tem possibilidades de ciclorrotas como meio de lazer e também de prática de esportes”, afirmou.
Veja mais sobre a reunião em Pato Branco no link abaixo:
Encontro com ciclistas em Francisco Beltrão
Em Francisco Beltrão, o deputado Goura participou do debate “Incentivo ao cicloturismo e à bicicleta no Sudoeste”, no auditório do Centro de Eventos do Parque de Exposições Jayme Canet Júnior.
Estavam no evento o deputado estadual Wilmar Reichembach, coautor da Lei que criou o Circuito Cicloturístico do Sudoeste, professores, acadêmicos, ativistas e representantes da sociedade civil.
Um dos principais apontamentos feitos durante o encontro foi a falta de infraestrutura cicloviária, que torna o uso da bicicleta como meio de transporte diário praticamente inviável.
A ativista Marilê Bravo contou que sempre usou a bicicleta como meio de transporte em Curitiba. Porém, em Francisco Beltrão deixou de usar porque a cidade não oferece infraestrutura segura para os ciclistas e o trânsito é violento.
Segundo os participantes, as poucas ciclofaixas que existiam na cidade foram retiradas pela prefeitura e as que restam são inadequadas e não oferecem segurança alguma.
Bancada da bicicleta
O deputado Wilmar Reichembach, que é de Francisco Beltrão, reafirmou que a cidade tem muita deficiência para acolher ciclistas e que chamou a atenção para a importância do debate em torno do tema.
“Graças ao deputado Goura, hoje temos a bancada da bike na Assembleia. E isso é importante porque as cidades precisam acolher essa realidade com mais segurança porque ela veio para ficar. A bicicleta representa lazer, saúde, integração e mobilidade”, frisou.
Perfil do ciclista
O professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Fernando César Manosso, destacou que, de acordo com levantamento feito pelo Transporte Ativo e LabMob, 75,4% dos usuários da bicicleta a utilizam para o trabalho; 15,4% para escola e ou faculdade; 50,7% para compras; 63,6% para socia, e 6,7% para se locomover até a estação de transporte.
“A falta de infraestrutura e segurança são os fatores mais preponderantes para que os ciclistas não pedalem mais”, afirmou.
Cultura do carro x melhoria da qualidade da vida urbana
Segundo Fernando, falta prioridade na gestão das cidades. Ele ressalta que é preciso equalizar o uso do espaço público para quem vai utilizar a via.
“O tráfego de bicicletas nas ciclovias aumentou 248% em São Paulo e 277% no Rio de Janeiro após a melhoria na infraestrutura cicloviária nas duas cidades”, observou.
Outro indicativo apresentado pelo professor, diz respeito à qualidade de vida urbana. “Quando a gente tem mulheres usando modais ativos, você tem um forte indicativo de melhoria na qualidade de vida urbana”.
Cidade mais humanizada
O deputado Goura observou que, apesar de Curitiba oferecer estrutura cicloviária importante, houve uma desconstrução do que vinha sendo feito na questão da mobilidade.
“Falta priorização e política de Estado para garantir a política de mobilidade. Porque a luta pela bicicleta significa também a luta por uma nova cidade, mais humanizada”, ressaltou.
O coordenador da Associação de Ciclistas de Beltrão, Rafael Kielek, contou que 80% dos integrantes do grupo já foram atropelados, o que demonstra a falta de infraestrutura e segurança para os usuários.
Para ele, é fundamental que a população cobre do poder público maior investimento em mobilidade urbana e infraestrutura cicloviária. “Quando a gente leva para a sociedade acredito que as coisas andam com mais rapidez”, disse.
Parto Humanizado, violência obstétrica e bem-nascer
Na sexta-feira à tarde, o deputado Goura e a deputada Luciana Rafagnin (PT) participaram de um encontro com doulas e enfermeiras obstétricas sobre parto humanizado, violência obstétrica e o bem-nascer em Francisco Beltrão.
“Ouvimos reatos estarrecedores de violências cometidas contra gestantes nas maternidades públicas e privadas de Francisco Beltrão. E Isso não é exclusividade daquele município. A violência está presente em todas as maternidades do Paraná”, destacou Goura em pronunciamento na tribuna na sessão plenária de terça-feira (29) da Assembleia Legislativa.
Goura observou que apresentou emendas ao projeto de lei 388/2020, assinado por ele, pelas deputadas Mabel Canto (PSC) e Cristina Silvestri (CDN), e pelo deputado Gilson de Souza (PSC), que garante a presença de doulas nas maternidades.
Agroecologia e Agricultura Familiar
A crise ambiental, a insegurança alimentar e o uso indiscriminado de agrotóxicos, foram o foco do debate realizado na sexta-feira (25) no Anfiteatro da UTFPR em Francisco Beltrão.
Goura, que é o presidente da Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa, falou sobre a necessidade urgente de reduzir o uso de veneno e repensar o modelo de monocultura, bem como investir mais na agroecologia e na agricultura familiar.
“Precisamos incentivar outras formas de produção, mais humanas e sustentáveis, são urgentes do ponto de vista da saúde, ecológico e econômico”, disse.
O debate contou com a participação de especialistas, acadêmicos, ambientalistas, produtores e agentes políticos para fomentar iniciativas sustentáveis no Sudoeste e no Paraná.
Terra Indígena Mangueirinha
No retorno para Curitiba, no domingo (27), Goura visitou a Terra Indígena Mangueirinha, que abrange parte dos municípios de Chopinzinho, Coronel Vivida e Mangueirinha. O objetivo foi conhecer a realidade dos povos Guarani e Kaingang que habitam a região e conversar com as lideranças femininas Vanessa Neres, Jociele Luiz e Adriana Ananias.
Elas estão arrecadando fundos para o Acampamento Terra Livre, que acontece em Brasília no mês de abril com objetivo de mobilizar a sociedade contra os projetos de lei do governo Bolsonaro que são nocivos e contra os povos indígenas.
“Foi um prazer ter sua presença aqui na Terra Indígena Mangueirinha, espero que a parceria com os indígenas Kaingang seja cada vez mais frequente”, afirmou a comunicadora indígena, Vanessa Neres.
Vale lembrar que Mangueirinha é a terra de Ângelo Kretã, primeiro vereador indígena do Brasil, que foi morto em uma emboscada em 1980 como represália por sua luta em defesa dos povos originários.
“Ao conhecer essas mulheres, fica a certeza de que a luta de Kretã continua mais viva do que nunca. Salve os povos indígenas!”, afirmou Goura.