Se você precisou atravessar a Avenida Cândido de Abreu, a principal via de ligação entre o Centro de Curitiba e o Centro Cívico, a pé, de bicicleta ou de cadeira de rodas, já se perguntou por que existem 12 faixas para automóveis, nenhuma estrutura cicloviária e uma acessibilidade precária?
A explicação é simples: optou-se por priorizar os automóveis em detrimento da mobilidade ativa.
Essa priorização desrespeita a hierarquia viária prevista na Política Nacional de Mobilidade Urbana (Lei Federal n° 12.587/2012), que estabelece que pedestres e modais não motorizados têm prioridade sobre todos aqueles motorizados e que transporte coletivo tem prioridade sobre os individuais.
Promover a mobilidade ativa
Pensando em inverter essa prioridade e promover a mobilidade ativa na região, o Mandato Goura propõe a criação de um Plano de Ciclomobilidade Institucional do Centro Cívico, o Centro Cívico + Bici.
O objetivo é incentivar a utilização da bicicleta como meio de transporte por servidores, funcionários e visitantes nos deslocamentos diários e para os serviços de logística existentes no bairro.
“Nós defendemos a ciclomobilidade como uma das alternativas para a melhoria da qualidade de vida nas cidades. E agora, mais do que nunca, ela está sendo vista como aliada ao combate à pandemia do COVID-19 em capitais como Bogotá, Cidade do México, Paris, Berlim entre outras. Entendemos que esse plano pode servir de modelo para várias outras regiões da capital e para outras cidades”, destacou o deputado Goura (PDT).
Clique na imagem abaixo e lei a íntegra do plano Centro Cívico + Bici:
Bicicleta como meio de transporte
O parlamentar destaca que o Centro Cívico abriga diversas sedes administrativas de órgãos do Estado e do Município, e de instituições privadas, com expressivo comércio e pontos turísticos, é apenas um exemplo do que precisa ser repensado.
“É um bairro de fácil acesso, com topografia plana e infraestrutura cicloviária já consolidada no entorno, tem um forte potencial para o uso da bicicleta pela população que frequenta a região”, observou.
Além disso, no bairro, a proporção entre bicicletas e moradores é alta: a cada duas pessoas há uma bicicleta, uma das maiores taxas na capital. Os bairros no seu entorno (Centro, Juvevê, Ahú, São Lourenço e Bom Retiro) se enquadram na mesma característica.
No entanto, apesar de todas as condições favoráveis à mobilidade ativa, a infraestrutura local não privilegia esta prática. Predominam na região ruas largas, de alta velocidade para o automóvel e com amplos espaços para circulação e estacionamentos.
Para se ter uma ideia, estudo realizado pelo mandato em 2017 estimou que existem em torno de 500 vagas para estacionamento em via pública sem ESTAR, 300 em estacionamentos particulares e 1200 em estacionamentos dos órgãos públicos, resultando em 2.000 vagas.
Isto equivale a uma área próxima a 22.000 m² e impacta diretamente na mobilidade na região e cidade, além de ocupar área que poderia ser utilizada para outras finalidades, como estadia e lazer da população local.
Eixos de ação
O Plano de Ciclomobilidade proposto pelo Mandato Goura se divide em quatro eixos de ação:
- Ação principal: instalação de bicicletário e paraciclos nos edifícios institucionais possibilitando que funcionários e frequentadores possam parar suas bicicletas em locais vigiados, com estruturas seguras para a fixação. Preferencialmente próximos a banheiros, vestiários ou com estrutura própria. Se possível, com equipamentos de suporte ao ciclista, como bebedouros, bombas para pneu e ferramentas básicas para a manutenção da bicicleta.
- Ações paralelas internas: elaboração de pesquisa interna sobre a utilização da bicicleta entre os funcionários e usuários da edificação, perfil do usuário, quantitativo e dificuldades encontradas pelos ciclistas; campanhas educativas com produção de material informativo
direcionado aos funcionários e servidores; e campanhas conjuntas com a criação de programas e campanhas contemplando outros meios de transporte, como a mobilidade a pé e caronas solidárias, contribuindo com a redução do transporte individual motorizado. - Ações paralelas externas: criação de parcerias com o Município e Estado para a elaboração de campanhas informativas sobre os benefícios da bicicleta, educação no trânsito e segurança do ciclista para usuários de toda a região do Centro Cívico, bem como para a elaboração de intervenções no espaço público, como a criação de vagas vivas, espaço de permanência para os usuários da região, instalação de bicicletários entre outras iniciativas.
- Requalificação do espaço público: Solicitação ao Poder Executivo Municipal e Estadual para a requalificação do espaço público no bairro, com enfoque na Av. Cândido de Abreu, tendo em vista a necessidade e urgência de melhores condições de acessibilidade, infraestrutura para a mobilidade a pé e de bicicleta.
Diálogo com todos os órgãos responsáveis
Mas para viabilizar melhorias na região, Goura ressalta que é necessário um diálogo com o poder executivo municipal e estadual, assim como com as entidades de arquitetura, urbanismo e engenharia e demais órgãos do poder público.
Goura lembrou que a cultura do automóvel é predominante na cidade e citou que em março de 2020, um novo binário foi instalado nas ruas Alberto Folloni e Eurípedes Garcez do Nascimento, com o seu prolongamento pela Rua Marechal Hermes.
“Desde 2017, já foram mais de 7 binários inaugurados na cidade, prejudicando a segurança de pedestres e ciclistas e privilegiando o trânsito dos 2,2 mil veículos por hora que passam por eles, sem destinação de faixa exclusiva para transporte coletivo”, disse Goura.
Por isso, na tentativa de constituir uma união de esforços para mudar essa realidade, o Mandato Goura vai protocolar o Plano de Ciclomobilidade do Centro Cívico nos seguintes órgãos: Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, Ministério Público do Paraná, Tribunal de Contas do Estado do Paraná, Museu Oscar Niemeyer, Prefeitura Municipal de Curitiba, Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Obras Públicas do Paraná (SEDU), Casa Civil, Secretaria da Justiça, Família e Trabalho do Governo do Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná – FIEP, Federação da Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Paraná.
“Através da colaboração e ação conjunta dos órgãos, empresas e serviços sociais instalados no Centro Cívico, a bicicleta se torna uma forte aliada para a melhoria da mobilidade urbana na cidade”, finalizou Goura.