Mandato Goura

Falta de sinalização e redutores de velocidade em novo binário preocupa moradores em Curitiba

“A Rua Marechal Hermes, entre a Mário de Barros e a Manoel Eufrásio, foi transformada numa pista de corrida. A Prefeitura será responsabilizada pelos acidentes e atropelamentos causados pela falta de sinalização no local”. A observação foi feita pela professora e moradora da região, Sandra Nodari. Desde o dia 24 de março, as ruas Marechal Hermes e Alberto Folloni foram transformadas em binário e, até o momento, não foram instalados redutores de velocidade nem sinalização adequada que ofereça segurança aos pedestres.

Com escolas, igrejas e supermercados na região, a criação dos binários dificultou ainda mais a vida dos ciclistas, uma vez que o aumento da velocidade sem a criação de ciclofaixas torna a vida de quem utiliza a bicicleta ainda mais perigosa.

Veículos x pessoas

A criação de binários é uma solução que beneficia o veículo motorizado individual, contrariando as orientações da Política Nacional de Mobilidade Urbana (Lei 12.587/12) que estabelece como prioritário os deslocamentos a pé e de modais não motorizados. Opõe-se também ao objetivo 11 da ODS (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável) da ONU (Organização das Nações Unidas), que visa tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis.

Rua Marechal Hermes, que agora integra o novo binário. Foto: Daniel Castellano / SMCS

Desde 2017, oito novos binários foram inaugurados em Curitiba, tornando a cidade mais hostil aos pedestres, ciclistas, moradores e comerciantes. O aumento do fluxo e da velocidade dos automóveis prejudica regiões onde há uma atmosfera residencial, assim como aumenta a poluição sonora e atmosférica do bairro.

“Há o Museu Oscar Niemeyer, uma estação tubo, restaurantes, praças de alimentação e bares com pessoas (dia e noite) atravessando o local. Mesmo com a quarentena, o movimento de carros é grande (e em alta velocidade), as motos passam ‘voando’. Quem precisa atravessar, não tem opção”, relatou Sandra Nodari ao observar que as faixas de pedestres da rotatória Mário de Barros não são respeitadas pelos motoristas, da mesma forma que o sinal de pedestres da rua Manoel Eufrásio.

Outro morador e comerciante da região, Nilo Biazzetto Neto, avalia que o projeto está totalmente equivocado. “Deveríamos ter muito mais calçadas, ciclovias, a via deveria ser muito mais lenta do que é hoje, e não ao contrário. Até em função do Museu, que atrai visitantes do mundo todo, deveríamos pensar em projetos modernos, que priorizem a integração entre todos os modais, valorizando as pessoas e não os automóveis, a vizinhança que gosta de andar a pé ou de bicicleta”, observou.

No caso da Rua Alberto Folloni, conforme um dos coordenadores de uma escola localizada na região, na comunidade escolar era unânime a opinião de que a via precisava mudar de sentido para evitar os acidentes frequentes ocorridos na esquina com a rua Mário de Barros. “A nossa preocupação, agora, é com a velocidade dos automóveis. Com uma via mais larga, possivelmente os carros acelerarão mais, e como é uma rua cheia de ônibus, a gente se preocupa com as ultrapassagens, que são muito perigosas para os pedestres”, relatou Rodrigo Palmares.

Além da escola, na região há uma igreja com grande circulação de pessoas. Nenhuma lombada, faixa elevada ou outro tipo de redutor de velocidade foi instalado no local. Há somente a sinalização horizontal que já existia antes da instalação do binário.

Comerciantes da rua Alberto Folloni se manifestaram contrários ao binário e alegaram que em nenhum momento foram procurados pela prefeitura para discutir o assunto. “Os comerciantes da Rua Alberto Folloni (entre as ruas Brasilino Moura e Benjamin Zilli) foram severamente prejudicados com a instalação do binário Alberto Folloni x Mal Hermes. Em momento algum houve diálogo com o comércio, que será penalizado pela falta de vagas de estacionamento. Frise-se que não existe na região nenhum estacionamento para convênio. Nessa pequena quadra são, ao menos, 10 estabelecimentos afetados”.

Ciclovia ou Ciclofaixas

Viabilizar o transporte por bicicleta é uma necessidade urgente, conforme todos os ouvidos pela reportagem. “Uma ciclovia ajudaria muitíssimo, já existe um fluxo de ciclistas, tendo em vista que é uma das vias mais seguras ligando a zona norte/noroeste da cidade ao centro. Gente que vem do Ahú, do Cabral, da Barreirinha, tem muita bicicleta passando por ali”, afirmou Rodrigo Palmares.

Para a professora Sandra Nodari, a implantação de uma ciclovia na região permitiria que ela usasse o transporte com segurança. “Eu adoraria se tivesse uma ciclovia em todo lugar. Eu iria trabalhar só de bicicleta. O problema, no meu caso, é chegar até a ciclovia do Bosque do Papa. No trecho que não tem ciclofaixa, além do risco de ser atropelada, eu levo buzinada ou xingamento de pedestre. Sair com as crianças é sempre um pavor até chegar na ciclovia”, frisou.

Porém, ao contrário do que pensam os moradores e comerciantes da região, a superintendente de Trânsito da prefeitura de Curitiba, Rosângela Battistella, afirmou que “essa mudança (transformar as ruas em binários) reduz conflitos de trânsito, como as conversões à esquerda, e diminui o risco de atropelamentos e outros acidentes. Para o pedestre, a segurança também é maior”.

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Além de sugerir à Prefeitura de Curitiba a implantação de ciclovia no novo binário, o Mandato Goura ressaltou seu posicionamento contrário à criação de estruturas que privilegiam o trânsito veloz. “Defendemos uma cidade viva, segura, sustentável e saudável, com decisões urbanísticas centrada nas pessoas. Para isso, produzimos proposta para mostrar que outras possibilidades existem.  Nosso mandato se põe à disposição para discutir e aprofundar o tema”, afirmou a arquiteta e urbanista, Luza Basso, que integra a equipe do Mandato Goura.

Dados da prefeitura

As ruas Alberto Folloni e Eurípedes Garcez do Nascimento, com o seu prolongamento pela Rua Marechal Hermes, passaram a compor um novo binário de trânsito e juntas chegam a receber 2,2 mil veículos por hora.

A Rua Alberto Folloni passou a ter sentido único de circulação no sentido bairro, da Rua Augusto Severo para a Rua Afonso Celso, em trecho de 1,5 quilômetro. Já a Rua Eurípedes Garcez do Nascimento passou a ser mão única da Rua Afonso Celso para a Rua Manoel Eufrásio, próximo ao Centro Cívico. O sentido único continua pela Marechal Hermes (continuação da Eurípedes Garcez do Nascimento), até a Rua Deputado Mário de Barros.

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